segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Quem consegue enxergar?



Olá, pessoal!
Estou de volta depois de alguns meses longe do blog. Creio que eu ainda esteja insegura nessa nova prática de escrita!

Gostaria de agradecer ao colega Wesley Barbosa, responsável pelo blog "Suspiros Malditos" (http://suspirosmal-ditos.blogspot.com/), por me motivar a continuar escrevendo para vocês, leitores e leitoras! 

Pois bem, hoje não irei publicar nenhum texto meu, visto que não preparei nada esta semana. Sou metida a pesquisadora e nem a isso estou me dedicando o bastante.  Porém, prometo-lhes que irão gostar do poema de um amigo acadêmico das ciências jurídicas que tem a sensibilidade de um poeta! Farei um pequeno comentário (aviso antecipadamente que minha pretensão não é dissecar o texto verso por verso, quero apenas apresentar o ponto que mais me chamou atenção). Espero que gostem!

O poema intitulado "Nascido para ser cego" demonstra um eu-lírico destinado a possuir a capacidade de olhar e a impossibilidade de ver. Um "Guia-cego de cegas", "frustrado por não ver", portador de uma cegueira que vai além da doença meramente fisiológica. Tal cegueira parece simbolizar o elemento de angústia por se tratar de uma incapacidade de ver o que realmente existe. O poema não nos fornece pistas para depreendermos ao certo aquilo que é impossível de ser visto, mas nos oferece um leque de inferências: Será o que está por trás da sombra opaca dos indivíduos e de suas atitudes? Será o conhecimento verdadeiro daquilo que existe no mundo? - se é que existe realmente a verdade "nua e crua".  De acordo com a leitura, a dúvida em mim gerada foi a seguinte: Será que nascemos todos impossibilitados de enxergar a totalidade das coisas e sofremos por isso? Cabe a cada leitor refletir e tirar suas conclusões de acordo com o que consegue enxergar no poema abaixo:

Nascido para ser cego*

A pessoa é para o que nasce
Já dizia uma velhinha
Senhora com muita sapiência
A líder de mais duas irmãs
Cegas
Todas
Nascidas para serem cegas
Não se sabendo o porquê
Não me perguntem o porquê
Cego sou
Cego também sou
Senhor sem muita paciência
Líder de seu ninguém

Nascido para ser cego
Frustrado por não ver
Guia-cego de cegas
Às cegas vaga
Às cegas guia

A pessoa é para o que nasce
Já dizia uma velhinha.

*Gustavo Farias Alves, estudante do curso de Direito (UEPB). Querido amigo.
Texto extraído da Revista Blecaute, ano I, nº 2. 



9 comentários:

  1. Olá Jardiene!

    Fico feliz por minhas palavras terem lhe incentivado a restabelecer as postagens no seu blog. Acredito que tenhas sido modesta ao dizer que não postaria nenhum texto seu. Na verdade, o que escreveste foi um misto de editorial, crônica e comentário analítico, mistura esta eloquente com o suporte na qual figura. Mas mesmo neste breve esboço, já pude perceber as marcas de autoria, um estilo de escrita e, semelhando a impressão que tive na primeira visita ao blog, uma boa retórica. Pareces ler bastante, pois tens algumas "manhas" típicas de quem está familiarizado com os gêneros esboçados. Fico feliz ao encontrar alunos como você, tipo do qual carece muito o mundo acadêmico. Continue escrevendo, mais e mais. Ah, falta divulgar o blog. Coloque link no seu Orkut, Twitter, divulgue por e-mails, etc. Um dos principais motivos que levam jovens blogueiros a abandonar suas páginas é a falta de leitores nos primeiros meses. Depois de um tempo, quando já aparecer nas pesquisas do Google, a coisa melhora muito. Darei uma ajuda, colocando indicação e link no meu blog. Grande Abraço.

    http://suspirosmal-ditos.blogspot.com/

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  2. Olá, Wesley! Muito obrigada! Suas palavras me motivaram muito sim, você é um ótimo escritor e fico lisonjeada em saber que gostou do que escrevi. Na verdade, criei este blog porque tinha vontade de escrever o que não costumo escrever na academia, queria encarar a atividade de escrita como terapia e não como obrigação (e o blog possibilita isso). Me afastei um pouco por causa das ocupações com a universidade. Mas espero dar continuidade sim. Agradeço muito se vc divulgar, se bem que não me importo muito com o número de leitores, me importo mais com o envolvimento deles com o que escrevo.

    Mais uma vez, obrigada!
    Abraços!

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  3. Oxente, Jardji, nada de desistir de blogar!
    Use o blog pra dispersar das coisas da ufcg. Comecei a fazer isso qd criei o meu ;)
    Ah, outra coisa, primeiro as obrigações da facul, dps o blog, ok?
    =** e cont.

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  4. Minha querida amiga, qual não foi o meu prazer ao ver ressuscitado o meu poema de longa data. Mais ainda, por ter sido obra de seu “milagre”! Não vou “comentar os comentários” já que você me proibiu taxativamente! Apenas vou falar da origem dos versos. Inspirei-me quando assisti ao documentário “A pessoa é para o que nasce”, que narra a história das três velhinhas cegas (Maroca, Poroca e Indaiá) que pediam esmolas no centro de Campina Grande. Numa reflexão um tanto quanto parecida com a que ocorre no “Ensaio sobre a cegueira” do saudoso José Saramago. Você não imagina como foi importante teres republicado estes versos. Parece que a poesia renasceu em mim!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Podexá, Glória! Primeiro a facul, depois o blog! =**

    Querido Gustavo, (que coisa formal)são bem nítidas, no poema, as influências de Saramago e do documentário mencionado. Você sabe que este é o poema que mais gostei dentre os que me mostrou (falta me mostrar os outros). Espero que tenha gostado dos meus humildes comentários. Não queria que você "comentasse os comentários" porque ficaria constrangida, sabes disso!
    Bom saber que esta singela publicação te deixou feliz! E melhor ainda é ver sua vontade de voltar a escrever...Acho que o "milagre" aconteceu em nós dois! =)

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  7. Jardi... que bom te encontrar por aqui!
    Seguindo tá?

    Beijos

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  8. Oi, Sil!
    Digo o mesmo, viu?
    Seguindo também

    bjão!

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